12/03/2012

A Magia do EPS


O EPS, conhecido composto das embalagens de sorvete, é transformado em sistemas construtivos de elevada resistência, como lajes e painéis monolíticos para fachadas e interiores, oferecendo vantagens como custo menor que o dos sistemas convencionais em concreto, leveza e isolamento termo acústico. O material vai além, entre outros usos, pode ser utilizado para a construção de casas flutuantes; ou na forma de blocos geossintético para pavimentação de rodovias, cabeceira de pontes, aterros de jardins, principalmente em áreas litorâneas de solo mole; ou, ainda, na área de ancoradouros.

No Brasil, uma obra de referência é a dos jardins e acesso a Vila do Pan, no Rio de Janeiro. Plástico revolucionário, o EPS, sigla internacional para o poliestireno expandido, é amplamente utilizado na construção civil nos Estados Unidos e Europa, e há muitos anos também presentes no Brasil.

Adrian Eugenio de Souza, gestor de Marketing da Tecnocell – empresa com 11 anos de atuação no mercado de transformação do EPS – destaca que esse plástico celular é totalmente reciclável. “Por ação mecânica, que devolve a ele a condição de matéria-prima para fabricação de novos produtos; por processo energético, recuperando e gerando energia em função de seu alto poder calorífico; ou por processo químico para a obtenção de óleos e gases”, diz.

Se misturado com a massa do concreto, o EPS tem função apenas decorativa. Já o EPS moldado – ou, em alguns casos, recortado - pode cumprir grandes vãos livres em laje unidirecional. “A resistência é medida por kg/m3, ou seja, quanto maior for essa relação, maior será sua densidade. Para uma laje, se pode usar algo em torno de 12 kg/m3.

Os elementos recortados são produtos com densidade menor. Já os elementos em EPS para lajes pré-moldadas podem ter diversas medidas para utilização em lajes unidirecionais e bidirecionais, podendo ser moldadas ou recortadas.

No caso das peças recortadas existe a flexibilidade de atendimento na dimensão que o engenheiro calculista determinar, se adequando também ao tipo de laje do projeto. Uma tela de aço é colocada sobre a laje - grampeada, ou não -, finalizada por uma camada de concreto. “O resultado é uma laje delgada e bem resolvida estruturalmente”, define Adrian.

No caso da laje protendida em arco, produto recém-desenvolvido pela empresa, com 16 kg/m3, há uma redução do peso próprio de 31,60%, o que traz alívio para as vigas, pilares e fundações, além de economia de 66% do consumo de concreto. “A inovação do design desse novo sistema garante perfeita aderência à vigota, enquanto que os encaixes da Lajecell se ‘integram’ com mais facilidade, permitindo ganho de tempo e rentabilidade”, explica, acrescentando que outra redução importante é o do custo de mão-de-obra e de 70% no escoramento. Por suas características, o EPS é um material termo acústico e, portanto, colabora com a redução no consumo de energia das edificações.

Paredes e Fachadas

Por se tratar de um polímero não-solúvel em água, o EPS se torna um sistema construtivo para fachadas. “O sistema Monolite, desenvolvido na Itália e comum no mercado americano, é uma parede de EPS revestida com malhas de aço e argamassa em cada face, podendo receber qualquer tipo de revestimento. A resistência é tamanha que suporta abalos sísmicos. Nos Estados Unidos, o sistema utilizado largamente é o ‘SIP’, em que a malha de aço é substituída por madeira – e lá, eles fazem de tudo com essa solução, de parede a piso, passando pelo telhado. Há, ainda, o ‘ICF’, sistema constituído por tijolos de EPS vazados que recebe em seu ‘miolo’ o concreto”, explica Adrian de Souza. Ele conta que as lojas da Pizza Hut no Brasil são feitas com o sistema Monolite.

Telhas de Aço

Outro uso já bastante disseminado do ESP no mercado brasileiro é o de núcleo para telhas de aço, cumprindo o papel de isolante térmico e acústico. Num comparativo de Coeficiente Global de Transmissão de Calor, enquanto a telha metálica atinge 5,5 W(m.k) e a de fibrocimento chega a 5,2 W(m.k), a telha metálica com EPS F1 com espessura de 40 mm, não passa de 0,72 W(m.k). “Nosso cliente é a indústria de telhas de aço e os núcleos de EPS são desenvolvidos caso a caso”, explica, lembrando que são fabricados, também, forros de EPS.

Especificação

A especificação de sistemas construtivos em EPS deve, inicialmente, romper o paradigma de que se trata de um material frágil. “Quando o arquiteto projeta uma casa que contempla o conforto térmico e acústico, é normal que nem pense em especificar o EPS para tudo o que está disponível. Mas, ele pode, por exemplo, construir com tijolos, proteger essa parede com chapas de EPS e rebocar, assegurando conforto termo acústico”, sugere Adrian de Souza. Para bem especificar, seja no uso do sistema todo ou de partes, “é preciso conhecer todas as potencialidades do material, trabalhar com as densidades adequadas para cada uso e escolher fornecedores confiáveis”.

A recomendação é que o especificador conheça as normas técnicas em vigor, que vão desde a NBR 11949 para densidade aparente (kg/m3) e a de condutividade térmica NBR 01294, até a de tensão por compressão NBR 8082, passando pela recém-criada NBR 11752, que classifica os tipos de EPS de acordo com sua densidade.

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